Mário Cavalcanti*
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Apesar de todos os anos que nos
afastam do término desse pesadelo, os crimes cometidos pelo Estado e seus
agentes durante a ditadura empresarial-militar permanecem sob sigilo, assim
como os documentos que comprovam esses abusos ocorridos nos tempos bárbaros do
terrorismo de Estado.
Diante deste fatos, a crescente indignação
contra a persistência do anonimato e da impunidade, das torturas, dos
sequestros, dos assassinatos e dos desaparecimentos praticados e executados
pelos algozes do povo, somado a condenação do Brasil por parte da OEA para que
o governo revisasse os crimes de estado que haviam sido cometidos, finalmente
se articulou a criação da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Porém, temos razões para suspeitar que a Comissão da Verdade
criada pelo Governo Federal possa não trazer resultados que contemplem os
anseios por informação dos familiares de mortos, desaparecidos e torturados por
aquele regime ditatorial, pelo caráter de conciliação com os setores
conservadores que exigem uma comissão de meia-verdade e sem julgamentos.
Os jovens comunistas e o PCB avaliam
como necessário e comprometem-se, conjuntamente com organizações sindicais,
estudantis e populares, em construir um grande movimento de massas para que o
resultado dos trabalhos da CNV não se transforme numa conciliação com os
algozes de nosso povo, para que se apurem os crimes da ditadura, se estabeleçam
as ligações entre os grupos empresariais, funcionários públicos e a máquina da
tortura no Brasil e crie condições para que se possam punir os torturadores e
assassinos de toda uma geração de jovens, trabalhadores, camponeses,
sindicalistas e militantes sociais e políticos que lutaram contra a ditadura no
Brasil.
Esse dia 01 de Abril para nós, jovens comunistas, é um dia triste, mas é também um dia de luta, em que lembramos de todos os lutadores que deram suas vidas na luta contra um dos piores capítulos da história do Brasil. Guardamos principalmente na memória os lutadores comunistas que tombaram lutando nas fileiras do PCB: Orlando Bonfim, Walter Ribeiro, João Massena, José Montenegro de Lima, José Roman, Luiz Maranhão, David Capistrano, Nestor Veras, Jayme Miranda, Elson Costa, Hiram Pereira Lima, Itair José Veloso, Célio Guedes.
-Por
uma Comissão da Verdade, Memória e Justiça!
-Pela
abertura dos arquivos da ditadura!
* Mário é membro do Grupo Tortura Nunca Mais e militante do Núcleo Elizeu Alves de Jovens Trabalhadores da UJC-RJ.
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